domingo, 25 de julho de 2010

Artigo: plano de governo, para que serve?

02 de junho de 2010 - 17:07h
Autor: Famato

Avaliando a opinião de especialistas concluí que será eleito próximo governador aquele candidato que errar menos no decorrer da campanha. Assim a divulgação de propostas dos candidatos é algo muito esperado pelos eleitores e, em especial pelos adversários, para oferecer críticas a eventuais ausências de temas tidos como importantes para as diversas regiões do Estado. Com surpresa vi publicada em um site a proposta do aspirante a governador de Mato Grosso pelo PSDB, apresentada ao seu candidato à Presidência da República. Não sei o que houve com as pessoas que escreveram aquelas propostas. Certamente escreveram às pressas e com toda certeza esqueceram-se de ouvir os notáveis do partido. Daí os equívocos.

A proposta de nº 1 "Continuação da Ferronorte até Cuiabá - Estratégica para o fim do gargalo logístico que onera o transporte da produção agrícola e pecuária de MT, Rondônia e Sul do Pará, a Ferronorte teve obras paralisadas desde 1999 em Alto Taquari..." Senhores, a ferrovia se chama Senador Vicente Vuolo e não é mais operada pelo Ferronorte e sim pela América Latina Logística (ALL) e seu contrato está todo enrolado e, mais, não ficou paralisada em Alto Taquari e sim em Alto Araguaia. Poxa!

A proposta de nº 4 trata da Hidrovia Rio das Mortes - Araguaia-Tocantins, de fato uma hidrovia que precisa ser implementada. O curioso é que descrevem a hidrovia como um caso "emblemático no Vale do Araguaia, hoje denominada, com razão, de Vale dos Esquecidos". Continuando o documento, destaca que "Quando implantada, a hidrovia estará conjugada à futura plataforma logística intermodal de transporte de Marabá, que proporcionará a conexão dos modais aquaviários, ferroviário e rodoviário (Rodovia Transamazônica/BR-230)". Tenham certeza, o Vale continuará a ser o "Vale dos Esquecidos", não é que se esqueceu de pedir a conclusão da BR-158? Com a palavra as lideranças do Vale dos Esquecidos!

Não devemos nos esquecer da importância da BR-242 que deverá interligar a BR-163 com a BR-158. Esta rodovia possui uma importância estratégica e incorpora uma vasta área ao setor produtivo. Pena, não foi lembrada pela turma do PSDB! Mas lembraram do Poliduto, de fato de extrema importância, mas esqueceram de pedir um novo Zoneamento da Cana-de-Açúcar, sem o qual não teremos etanol que justifique a implantação de polidutos. Sinceramente, lendo os 14 itens apresentados ao candidato a candidato do PSDB, entendo que de nada valeu a vinda a Mato Grosso do notável "Xico Graziano" que, por várias horas esteve reunido com produtores rurais, se nem uma linha de tudo o que foi debatido numa longa reunião, foi citado no dito documento. Aliás, pelo documento, até parece que nem um segmento produtivo tem problemas em Mato Grosso.

Será que a conclusão de algumas poucas rodovias que estão a 30 anos patinando nos orçamentos públicos do governo federal resolverá a necessidade da implementação de um vigoroso processo de agroindustrialização do Estado? Claro que não! Precisamos de políticas públicas neste sentido. E ainda, precisamos de governantes que entendam isto. Ou vão querer que Mato Grosso continue exportando dois terços de sua produção primária in-natura? Plano de governo para que serve mesmo? Para alguns, pode representar apenas instrumento para algum candidato se eleger. Porém, um bom plano de governo é a primeira ferramenta para dar sustentação ao planejamento de toda uma gestão que, com outros instrumentos de planejamento, norteiam onde serão investidos ou aplicados os recursos públicos captados através de impostos e taxas de toda a população.

O candidato à presidência levou a cartilha de seu correligionário de Mato Grosso. Com ela não seguiram os verdadeiros anseios da população do Estado. Ainda é tempo de corrigir isto, afinal a pressa em sair na frente dos demais candidatos, em propor ideias que possam resolver problemas matogrossenses, terminará por criar sérios problemas ao seu principal autor.

Autor: Amado de Oliveira Filho é produtor rural, economista, especialista em mercados de commodities agropecuárias e direito ambiental.