domingo, 25 de julho de 2010

Estudo avalia modelo para implantação da hidrovia Tapajós-Teles Pires

O professor do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da USP, André Bergsten Mendes, fez ontem, em Brasília, uma apresentação para os servidores da ANTAQ sobre o projeto “Avaliação da Competitividade da hidrovia Tapajós-Teles Pires”.

O projeto, que está sendo desenvolvido com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), é fruto de convênio assinado no final do ano passado pela ANTAQ e pela universidade. A conclusão do estudo está prevista para abril de 2011.

“O objetivo é fazer a configuração da via, pensando no melhor retorno de transporte na sua área de influência”, resume o coordenador do estudo, André Bergsten Mendes. O professor explicou que o levantamento “deve redundar numa noção clara das intervenções e para o que elas serão feitas, as quais estarão associadas variáveis como custos, duração das obras etc.”.

Nesta primeira etapa, os pesquisadores da USP estão realizando o levantamento das diversas modalidades de intervenções nos dois rios e formatando o modelo de avaliação da competitividade da hidrovia.

Para o superintendente de Navegação Interior da ANTAQ, Alex Oliva, esse estudo “é uma reivindicação antiga do setor hidroviário, em razão do grande potencial da hidrovia Tapajós-Teles Pires para o escoamento da produção do centro-norte e, consequentemente, para a logística de transporte do país”.

Alex Oliva vê muitas vantagens no transporte por rios: “O uso do transporte hidroviário é a melhor maneira para escoar a produção de grãos da Região Centro-Oeste. “É mais barato transportar mercadorias pelos rios do que pelos outros modais”, aponta.

E acrescenta: “É preciso ter a consciência de que investir em hidrovia é defender o meio ambiente. Para ter hidrovia, precisamos de nascentes, das matas ciliares. Somos os maiores defensores do meio ambiente”.

Segundo informações do Fundo Setorial Aquaviário de Ciência e Tecnologia, onde os recursos estão alocados, já foram consumidos R$ 158 mil de um total R$ 404 mil destinados ao projeto.

O projeto

O estudo encomendado pela ANTAQ irá avaliar as condições de competitividade dos sistemas hidroviários mais desenvolvidos mundialmente, como o sistema Reno/Danúbio na Europa, identificando os principais pontos da competitividade do modal hidroviário.

Também serão avaliadas as obras implementadas nesses sistemas, que trazem ao transporte hidroviário uma maior competitividade frente aos transportes ferroviário e rodoviário, de forma ampla, tanto nos aspectos de engenharia quanto de meio ambiente.

O estudo proporá ainda os critérios que devem ser observados para estabelecer a efetiva capacidade de competição da hidrovia do Tapajós-Teles Pires na cadeia logística, bem como estabelecer os critérios necessários da via e da embarcação para a garantia dessa competitividade, além de demonstrar a viabilidade técnica para implantação desses critérios de maneira sustentável.

Por fim, o estudo prevê a elaboração um manual com as principais diretrizes a serem seguidas para a concepção de uma hidrovia.

A hidrovia

A hidrovia Tapajós-Teles Pires possui 1.043 km de extensão, sendo 851 km no rio Tapajós entre Santarém (PA) e a confluência dos rios Teles Pires e Juruena, e 192 Km no rio Teles Pires entre sua foz e a cachoeira Rasteira.

É considerada rota principal para a exportação de grãos de todo o centro norte do estado de Mato Grosso, com importante incremento no comércio exterior, assim como, via interior de transporte de cargas advindas da região norte do País em direção ao centro do estado do Mato Grosso.

Atualmente os rios Tapajós e Teles Pires apresentam uma série de obstáculos e entraves que devem ser transpostos para que uma hidrovia seja implantada com condições de movimentar a produção agrícola da área de influência do noroeste do Mato Grosso, atendendo os municípios de Alta Floresta e Sinop. Entre esses pontos, o trecho na foz do rio Teles Pires Cachoeira da Rasteira, com cerca de 192 km, apresenta condições dificuldades de navegabilidade.